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Exclusivo: FGC descarta risco sistêmico em caso Master; compra pelo BRB não resolve todos os problemas

O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) estaria preparado em uma remota quebra do Banco Master, e não vê um risco sistêmico caso isso ocorra, disse uma fonte ao Money Times

O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) estaria preparado em uma remota quebra do Banco Master, e não vê um risco sistêmico caso isso ocorra, disse uma fonte ao Money Times.

Na última sexta-feira, o Banco de Brasília (BRB) comprou participação no Master por cerca de R$ 2 bilhões.

O FGC está no centro das discussões, já que era utilizado como chamariz pelo próprio Master para vender os CDBs turbinados.

Segundo cálculos do Valor Econômico, o passivo do banco, comandado pelo banqueiro Daniel Vorcaro, é de 50% do total do FGC. Ou seja, em caso de quebra, o Master sugaria metade da liquidez, usada como colchão para evitar calotes em eventuais falências de instituições financeiras.

Atualmente, o patrimônio do FGC supera R$ 120 bilhões.

Para a fonte, porém, há um trabalho intenso para que isso não ocorra, pois uma possível falência poderia provocar um aumento de contribuição dos bancos, que repassaria os custos para os clientes.

O fato é um dos principais pontos de preocupação de banqueiros e agentes do sistema financeiro, que tratam a venda do Master para BRB como uma espécie de socorro, e, por ser banco controlado pelo governo do Distrito Federal, estatal.

Ainda segundo a fonte, todos os agentes, incluindo o Banco Central e o controlador, estão empenhados em encontrar uma solução, que poderia se arrastar por um longo tempo.

O BC, por exemplo, possui 360 dias para analisar a proposta.

Uma proposta de injeção de capital por parte dos bancos, até agora, não chegou à mesa.

Master: Não resolve tudo

Ainda segundo a fonte, a compra do BRB não resolve todos os problemas. A própria estatal diz que a compra deixará de fora cerca de R$ 23 bilhões em passivos do banco.

“Acho difícil que seja a solução. Eu acho até que possa fazer parte de uma solução. Mas, como o próprio fato relevante do banco disse, tem ativos que eles não comprariam, tem partidos que eles não assumiriam”.

Segundo informações, o banco teria sido oferecido para outros entes privados. Porém, os riscos da carteira, formada por precatórios e ações de empresas em situação financeira frágil, impediram uma compra.

Ao contrário de muitos bancos médios, cuja carteira é composta majoritariamente por empréstimos ao varejo e/ou atacado, aproximadamente 34% da carteira do Banco Master são em títulos e créditos a receber, destaca a Nord Research.

E para se financiar, o Master se utilizava, justamente, dos CDBs (títulos de dívida) turbinados, que tinham rendimento de 140% acima do CDI.

Em 2018, o banco possuía um patrimônio líquido de aproximadamente R$ 30 milhões. Esse valor cresceu para R$ 5 bilhões em 2024, com a meta de alcançar R$ 10 bilhões até 2026.

Procurado, FGC não comentou até o fechamento da matéria.

O que é o FGC e qual a sua importância?

Entidade privada sem fins lucrativos, o FGC protege depositantes e investidores em caso de falência ou intervenção em instituições financeiras no Brasil.

Ele atua garantindo a devolução de valores aplicados em determinados produtos financeiros, dentro de um limite estabelecido, que no caso é de R$ 250 mil por CPF.

O arcabouço foi criado para evitar crises no sistema financeiro, após traumas de bancos que quebram nos 1990 e deixaram inúmeros investidores e clientes na mão.

Além de cobrir prejuízos, o FGC pode atuar para ajudar instituições em dificuldades antes que cheguem à falência, reduzindo impactos econômicos negativos.

As instituições financeiras devem contribuir com 0,0125% (1,25 por mil) sobre o saldo dos depósitos elegíveis à garantia.

Risco político?

No Congresso Nacional, pipocaram propostas que visavam aumentar limite de garantia de R$ 250 mil para R$ 1 milhão por pessoa.

A proposta era encabeçada por Ciro Nogueira (PP-PI), com o objetivo de ampliar a proteção aos depositantes e fortalecer a confiança no sistema bancário nacional.

Posteriormente, em novembro de 2024, o deputado Filipe Barros (PL-PR) apresentou o Projeto de Lei 4.395/2024, propondo o mesmo aumento no limite de garantia do FGC

Em resposta, diversas entidades do setor financeiro manifestaram-se contrárias a essas propostas.

De acordo com as associações, iniciativas desse tipo “poderão comprometer a experiência exitosa do FGC no estabelecimento de uma rede de segurança efetiva para os investidores e depositantes mais vulneráveis e o sistema financeiro”.

“Como o limite de garantia ordinária atual, de R$ 250 mil, já cobre mais de 99% do número de contas e de depósitos”.